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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Um Beijo Contra a Discriminação!



Por: Cecilia Bezerra e Cássio Rodrigo

No passado, nas décadas dos anos 80 e 90 a AIDS surgiu como uma praga, uma doença desconhecida que infectava e matava pessoas comuns e celebridades no mundo todo. Familiares, amigos e fãs choravam a perda de seus entes queridos e de seus ídolos.


A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS (SIDA — em inglês), é uma doença do sistema imunológico humano causada pelo vírus da imunodeficiência humana e têm tido um grande impacto na sociedade moderna, tanto quanto doença como fonte de discriminação. No início da descoberta foi considerada por alguns como "peste gay" ou "castigo de Deus" e foi usada como alavanca para que a violência contra pessoas LGBT se tornasse cada vez maior. 

O preconceito se espalhava e na época muitos foram os casos em que pessoas soropositivas viram seus amigos e parentes se esquivando de um simples beijo no rosto, abraço ou aperto de mãos temendo contrair o vírus.

As campanhas para uso das camisinhas como forma de prevenção, o teste de HIV e a descoberta científica do coquetel como forma de reduzir as sequelas que a doença pode causar, proporcionaram uma maior longevidade e melhor qualidade de vida conforme mostram as estatísticas. 

Avançamos muito, porém ainda existe o fato de alguns soropositivos deixarem de seguir seus tratamentos médicos e ambulatoriais por descuido, por acharem que não é necessário o uso do coquetel e até mesmo por vergonha, o que os levam a esconder de seus parceiros ou parceiras que são soropositivos causando um maior número de infecções e mortes pela doença. 

O medo do diagnóstico e o receio à violência e ao preconceito também impedem que muitas pessoas procurem realizar o teste clínico ou, quando o façam, retornem para ver o resultado e/ou iniciar um tratamento, transformando o que poderia ser uma doença crônica tratável em uma sentença de morte, além de perpetuar a propagação do vírus.

Sem tratamento, o tempo médio de sobrevivência após a infecção pelo HIV é estimado entre 9 e 11 anos, dependendo do subtipo do vírus. Mas a terapia antirretroviral e a prevenção apropriada de infecções oportunistas reduzem a taxa de mortalidade em 80% e aumentam a expectativa de vida para um jovem adulto recém-diagnosticado entre 20 e 50 anos. Isto é quase dois terços.

Atualmente a epidemia da doença no Brasil está estabilizada e a infecção por HIV/Aids tem se concentrado, principalmente, entre populações vulneráveis e os mais jovens. Estima-se que existam 630 mil pessoas vivendo com o HIV, ou 0,6% da população adulta. De 1980 (o início da epidemia) até junho de 2009, foram registrados 217.091 óbitos em decorrência da doença. Cerca de 33 mil a 35 mil novos casos da doença são registrados todos os anos no país.

Ainda há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos. Em 1989, a razão de sexos era de cerca de 6 casos de aids no sexo masculino para cada 1 caso no sexo feminino. Em 2011, último dado disponível, chegou a 1,7 caso em homens para cada 1 em mulheres.

A faixa etária em que a aids é mais incidente, em ambos os sexos, é a de 25 a 49 anos de idade. Chama atenção a análise da razão de sexos em jovens de 13 a 19 anos. Essa é a única faixa etária em que o número de casos de aids é maior entre as mulheres. A inversão apresenta-se desde 1998. Em relação aos jovens, os dados apontam que, embora eles tenham elevado conhecimento sobre prevenção da aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, há tendência de crescimento do HIV.
Apesar de o número de casos no sexo masculino ainda ser maior entre heterossexuais, muitos ainda afetados pelo preconceito de achar que a AIDS é doença de LGBT e pensarem que são imunes a ela, acabam infectando suas suas esposas, companheiras e namoradas. 

Atento a essa realidade, o governo brasileiro tem desenvolvido e fortalecido diversas ações para que a prevenção se torne um hábito na vida dos jovens. Hoje, são eles os que mais retiram preservativos no Sistema Único de Saúde (37%) e os que se previnem mais.

Por isso temos, no Estado de São Paulo, a Lei nº 11.199/02, que proíbe a discriminação aos portadores do vírus HIV ou às pessoas com AIDS. A norma legal prevê, em seu Artigo 1º, a vedação de “qualquer forma de discriminação”, e estabelece no seu Artigo 2º, o que considera como atos discriminatórios e afirma, ainda, em seu Artigo 3º que “todos os prontuários e os exames dos pacientes são de uso exclusivo do serviço de saúde, cabendo ao responsável técnico pelo setor garantir sua guarda e sigilo”.

Este ano o Ministério da Saúde e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançaram na terça-feira, 29, a campanha “Nós Podemos Construir um Futuro sem Aids”. Para marcar o Dia Mundial de Luta contra a Aids, 1º de dezembro, a campanha busca incentivar o diagnóstico precoce e o tratamento.

A ação terá o apoio de 11 mil paróquias em todo o País e reforçará a importância de conhecer o diagnóstico do HIV precocemente, o que aumenta a qualidade de vida do soropositivo.

Mas o que precisamos lembrar é que o estigma da AIDS persiste no Brasil e no mundo, com uma imensa diversidade de expressão, como por meio do ostracismo, da rejeição e da discriminação de pessoas soropositivas, bem como pela aplicação de testes de HIV de forma obrigatória, sem o consentimento prévio ou a proteção da confidencialidade das pessoas ou a internação de pessoas HIV positivo em quarentena.

Neste 1º de Dezembro de 2016, mais que combater o HIV, vamos combater o preconceito, a discriminação para com as pessoas soropositivas ou com AIDS. 

Um beijo não contrai o vírus, mas pode matar a discriminação!

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