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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Feliz 2014! Viva o Estado Laico!

Ano novo!!!!

Novas batalhas a serem vencidas, novas conquistas... Uma etapa se encerra e outra inicia!

Que 2014 venha ano com tudo aquilo de bom que temos direito, que venha com sucesso!

As lutas por uma vida melhor e pq não dizer um Brasil melhor? Com todos aprendendo a respeitar as diferenças do próximo e até as próprias, descobrindo que praticar o ato de ajudar tem um significado especial...

Que as lágrimas que derramamos em 2013 sirvam de concreto para construirmos nossas barreiras contra o mal e que 2014 venha cheio de esperança de uma vida melhor, justa e cada vez mais digna para todos.

Que todos saiam para o trabalho e retornem para seus lares, para os braços de seus pais, de seus filhos, de seus irmãos e amigos em segurança. Que as discussões terminem com cordialidade e não com a morte de um ou de outro.

Que ninguém seja hostilizado pela sua sexualidade, sua cor sua, deficiência física, religião ou até mesmo pela idade.

Que nossos governantes aprendam que saúde, educação, habitação, segurança e transporte são básicos para nossa sobrevivência, que tenham consciência e tirem os moradores das áreas de risco enquanto é tempo, antes das grandes chuvas e que nós também tenhamos mais consciência de voto. Espero que o sistema de saúde melhore para todos os brasileiros e que no ano que se inicia a palavra PAZ saia do dicionário e faça realmente parte do caminho de todos.

A todos e todas de todas as tribos o meu desejo de felicidades!

Vamos juntos de mãos dadas vencer todas as batalhas, pois não somos a minoria, somos a maioria!!!

LGBTTs, héteros, surdos, cadeirantes, cegos, idosos, todos de todas as religiões... Somos todos irmãos, filhos do mesmo pai.

Viva o Estado Laico!!!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal! Que Todos Aprendam a Conviver Com Suas Diferenças!



Neste Natal só quero pedir a Deus e ao menino Jesus, que ilumine a mente dos homens para que eles encontrem a paz dentro de seus corações e quem sabe assim não promovam as discórdia, as guerras, a miséria entre todos... e que seus egos inflamados pelo narcisismo sejam enfraquecidos pelo dom da compreensão. 



Que não só por um segundo após a meia noite lembrem-se daqueles que por algum motivo de vida, de sorte não tem sua mesa cheia ou nem um teto para dormir, pois sei como é isso...,nem uma saúde perfeita e nem um sistema de saúde eficaz a todos brasileiros.

Que por mais de apenas um segundo ou minuto tenham sanidade e percebam que o segredo de uma boa convivência entre todas as tribos é que cada um aceite as diferenças uns dos outros, pois só assim é possível viverem em conjunto com a paz.

E aqueles que tem o poder de mudar as leis, criar projetos, mudar uma virgula do mal para o bem, que pensem e tenham atitudes voltadas para o bem, que lembrem-se mais em repartir o pão e não tomá-los para sí. 
Neste natal peço humildemente a paz entre as religiões, pois Deus é um só, entre os povos entre tudo que habita esse mundo. Só assim a liberdade de expressarmos nosso amor será plena.

A vocês LGBTTs que encontraremos um modo de termos nossos direitos de vida respeitado e a comunidade surda, cadeirantes, cegos, idosos e outros desejo que seus direitos também sejam garantidos e respeitados nesse nosso país, que saiam dos papeis e que irmãos, seja eles de sangue ou não, não vendam irmãos por poder e cobiça.

Amigos do Face do Blog, Linkedin Twitter e do RESPEITOLES, RESPEITOGAY,RESPEITOBI, RESPEITOTRANS desejo a todos um Feliz Natal e vamos mudar o mundo dos tolos para um mundo mais humano e de Deus, sem fanatismos e ditaduras religiosas. 


Pra quem tem fé a vida nunca tem fim!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Manifestação a Favor da PLC 122 - Enterrada Por Nossos Políticos

Ontem às 18:00 estive presente na Praça da sé pela “Manifestação  a Favor da PLC 122”.

Depois de ter sido colocada para fora de casa nos anos 70, ainda no período da pré-adolescencia, graças a tamanha intolerância e discriminação fui parar na Praça da Sé, onde apanhei muito.

Muito emocionada, tive o prazer de estar lá para gritar contra o que me fez um dia morar ali, gritar contra o preconceito e discriminação, gritar pelos direitos de pessoas como eu LGBTT, gritar pelo direito de todos.

Tive flashes da minha pré adolescência quando dormia na Praça da Sé nos anos 70 e vi o que uma ditadura faz com os LGBTT e as minorias - e sou contra ditadura seja ela militar ou partidária - me lembrei de uma noite que corríamos pela praça em busca de abrigo para não apanhar dos militares da época, vi diversas coisas que HOJE TENTO NÃO LEMBRAR.

Eu e a Kimberly Dias
Um Capitão da PM, veio até mim dizer “Vi o que você falou. Você realmente, Cecilia,  você é o símbolo de uma luta.”, me senti orgulhosa, e disse a ele que “essa luta é de todos nós”.  

Às 19:30 saímos da Praça da Sé e seguimos em uma pequena passeata até a República, onde seguimos até a Vieira de Carvalho, onde agradecemos aos que participaram e encerramos a manifestação.

Enquanto caminhávamos, ao lado da prefeitura, no Viaduto do Chá vimos várias famílias acampadas, como se fossem refugiados, oprimidos por aqueles que eles colocaram no poder. Muito triste ver pessoas submetidas as ditaduras urbanas .

Agradeço aos militantes que não tiveram vergonha de irem às ruas brigar por seus direitos, quem viveu nos anos 70 sabe que temos que fazer o máximo que pudermos para que a ditadura não retorne.

Feliz daquele que acredita na liberdade de todos e na Paz de uma liberdade de fato, que não se acorrentam aos fanatismos religiosos e respeitam toda a diversidade humana seja sexual, de raça, de credo...

Agradeço o convite do amigo Elvis e a Policia militar, que nos acompanhou até o encerramento de nossa manifestação pacífica e alegre.

Infelizmente durante o período da manifestação ficamos sabendo que os senadores para agradar a bancada evangélica mataram nossa PLC 122, fomos trocados por barganha política, por um partido que sempre teve os votos dos LGBTT, fomos leiloados em troca de apoio político em 2014. Leilão este que fere nossos direitos humanos, pois estão começando por os LGBTT, amanhã trocarão pelos espíritas, católicos, negros, deficientes, idosos e assim por diante. Decepcionante para um país que se diz Laico.

Mesmo assim, me senti orgulhosa e honrada ao voltar a Praça da Sé para lutar pelos direitos de todos os LGBTT e contra todos os tipos de preconceito, fomos traídos sim, mas não fomos vencidos.

Orgulho maior foi ver minha mulher, minha amada, minha companheira de mãos dadas comigo percorrer as ruas do centro de Sampa gritando pela nossa liberdade e pelos nossos direitos. Ela com sentimentos em seus olhos, lutando do meu lado contra este tipo de separação de vidas, um tipo de “apharteid brasileiro” que produz cada vez mais violência e a morte de vários LGBTT.

Veja a Entrevista Feita Por Felipe Faverani

*** Segundo o IBGE (2010) 10% da população do Brasil é LGBTT e 40% dos LGBTT estão em São Paulo. ***

E VOCÊS ESTÃO AÍ SENTADOS, COM VERGONHA DE SÍ MESMOS E OPRIMIDOS
 POR QUÊ???

LEVANTEM - SE          NÃO SOMOS A MINORIA!          LGBTT VOTA LGBTT!


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Pai, Não Consigo Te Amar - Parte II - Mas Chorei Por Você.


Sexta-feira passada, dia 06/12/2013, acordei às 06h00 da manhã depois de ter sonhado com meu pai.

Fiz o café, levei na cama para a Daya e comentei o sonho estranho, mas era apenas um sonho.

Me arrumei para ir trabalhar, liguei o computador para pegar alguns dados antes de sair e como de costume meu celular tocou, era um amigo pedindo minha ajuda para uma pessoa que necessita de medicação para uma criança prematura, uma medicação que custa R$ 6.990,00 e a família sendo pobre não têm condições financeiras para adquirir.

Às 8:45 recebi uma mensagem no celular, era da minha irmã, antes mesmo de abrir olhei para a Daya e disse “Acho que o meu pai morreu.” A mensagem dizia “Cecilia não sei se vocês querem falar tchau pro papai, mas ele faleceu e eu estou velando ele.”

Foi uma sensação estranha, uma confusão na minha mente, a dúvida se iria ou não. Me censurei por não ter sentimento naquele momento. Localizei meu outro irmão, conversamos e decidi ir, logo em seguida liguei para minha irmã, peguei o endereço e fui.

Cheguei no local e vi minha irmã que há anos não via. Vi tias, tio, primos que há 40 anos não os via, tantos anos se passaram que muitos deles eu já não lembrava os rostos.  

Minha irmã assim que me viu se emocionou e me abraçou chorando, meus olhos se encheram de lágrimas...
Olhei tudo a minha volta, vi que tenho sobrinhos lindos, mas não conseguia chorar.

Fiquei olhando sem saber o que fazer e um vazio tomou conta da minha mente quando vi o corpo no caixão.  Era um conhecido, mas um estranho, pois ele não me conhecia e nem me deu o direito de conhecê-lo e de amá-lo, não foi um pai para mim.

Lembrei das vezes que tentei me aproximar e a rejeição vinha acompanhada de várias palavras irônicas e cruéis, onde a indiferença e a repulsa aos meus sentimentos eram grandes.

Como eu poderia naquela hora esquecer tudo que passei se ainda tem noites que acordo escutando os gritos dos pacientes psiquiátricos tomando choques?

Eu não era e não sou doente, apenas amo diferente do “padrão” que foi imposto.

Como esquecer das ruas, do que vivi, do frio, da fome e de tudo que passei?

Meus sentimentos se confundiram como se o tempo retrocedesse... Como se um filme andasse em câmera lenta, cheio de lutas e feridas que eu procuro ainda nos dias de hoje com esperança cicatrizá-las com o tempo.

No momento da despedida no crematório, minha irmã escolheu as músicas e escutei sua fala sofrida, como a minha, mas contente de ver que pelo menos naquele momento parecíamos uma família.

Chorei ao lembrar a infância, de uma das surras que me tirou um pouco da audição, das vergonhas que passei quando naquela época ele me chamava na frente de todos meus amiguinhos, parentes e vizinhos de “mulher macho”, ”vagabunda” entre outras ofensas e humilhações que não convém citar.

Agradeci minha irmã e pedi que daquele momento em diante tentássemos ser uma família aquela que nunca fomos, não precisa ser a da margarina, mas aquela que sonhávamos quando éramos criança, pois o final de todos seria o mesmo e depois, depois não me recordo mais o que falei...

E mais uma vez vou repetir aqui aos pais que não abandonem seus filhos por suas vidas e não façam escolhas pelos filhos, a felicidade e a busca dela só cabem a eles próprios e não permitam que a sexualidade os separe de seus filhos, pois eles não deixarão de serem filhos, irmãos, sobrinhos, primos por amarem alguém do mesmo sexo. O amor não é diferente, porque amor é sempre amor.

Todos nós somos dignos de sermos felizes, somos capazes de amar e não raras vezes de passar por cima de tudo por amor.

A vida é uma conseqüência de nossas atitudes e não nos tornamos melhores depois que morremos.

Particularmente acredito que só passamos aqui para ‘resgatar’ algo, um carma talvez... E talvez o meu seja aprender cada vez mais a me valorizar, pois graças a Deus nunca tive vergonha de quem eu sou.

Hoje faço da minha história de vida, da minha luta, minha bandeira e quando o meu braço se cansa levanto ela com mais vontade, pois as lágrimas que eu chorei e as que choro hoje não desejo que outros chorem, pois estas são as lágrimas derrubadas pelo sofrimento causado  pelo preconceito, discriminação e falta de compreensão de uma família.

Vou seguir assim, lutando como sempre o fiz, pelos LGBTT, pelos cadeirantes, surdos, cegos e muitos outros que são invisíveis para a sociedade, pois quando morei nas ruas tive ajuda de várias pessoas que nunca tinham me visto, mas me estenderam a mão e carinhosamente me chamavam de moleque – eu gostava do moleque.

Sei que atualmente a liberdade de lutarmos está maior, assim como a demagogia de muitas autoridades que se dizem defensores e simpatizantes da causa LGBTT , deficientes e pela saúde, só não entendo como a bancada evangélica consegue tanto regresso se temos tantos “defensores” e “simpatizantes", os deficientes continuam sendo tão ignorados nos seus direitos básicos e saúde cada vez mais defasada. É muita autoridade que não vê, não ouve e mais ainda os que não sabem de nada, mas que aprovam e compactuam com projetos absurdos na “calada da noite”.

Sobrevivi arrancando de tudo o lado bom e aprendi nas ruas que ajudar uns aos outros é realmente o significado de uma realização moral e social humana. Aprendi a correr atrás dos meus sonhos mesmo quando um tolo de espírito me diz que além de pobre sou LGBTT e não posso ter sonhos altos, porque essa criatura diz que LGBTT não é ninguém, mas eu não me abalo com pouca coisa e gente pouca, pois minha força sempre veio de dentro de mim, das ruas, das calçadas que dormi, da fome que senti, das surras que levei, das noites no juizado de menores...

A minha mulher que em todos os momentos está do meu lado, obrigada amor por segurar minha mão e me amar, o que está escrito o homem pode até fingir que não vê, mas a história pertence a Deus e o nosso amor está escrito.

Durante esses dias tenho me lembrado de uma surra que levei do meu pai quando tinha 10 anos, que chorando olhei para ele e disse que quando ele morresse ele iria olhar do lado e eu estaria carregando a alça do caixão dele e o sentimento por ele seria de pena, não amor, porque ele não me deixava amá-lo. Ele me olhou dizendo que não queria uma ‘mulher macho’ carregando a alça do caixão dele.

Sinto muito pai, eu carreguei. E em cada passo que eu dava eu pedia para Deus ter a misericórdia de ampará-lo e lhe dar a compreensão de uma vida que não quis ter ao meu lado.

Espero pai, que o senhor encontre o descanso e a compreensão que não teve em vida. 

Bem, chorei por você pai, mas pelo pai que o senhor não foi. 

"Para quem tem Fé, a vida nunca tem fim..."

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

1º de Dezembro: Dia Mundial de Combate a AIDS - Bertioga

Abertura da Passeata.
Ontem, dia 1º de Dezembro, foi o Dia Mundial de Combate à AIDS e fui convidada pela Ramonna a participar da Segunda Passeata de Luta e Combate a AIDS da Cidade de Bertioga.

Um projeto lindo desenvolvido pela coordenadoria da saúde do local junto com alguns LGBTT, foi um dia maravilhoso onde conheci gente maravilhosa.

Andamos a cidade toda no trio elétrico conscientizando a população, distribuindo panfletos informativos, preservativos masculinos e femininos.

Ressaltei que a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis é uma possibilidade de todo indivíduo com vida sexual ativa e sem proteção tendo este indivíduo uma relação homo ou heterosexual.


A campanha pode durar pouco tempo, mas a consciência tem que prevalecer o ano inteiro.

Infelizmente o retorno não foi alegre, contarei depois em outro post.