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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sou Prova Viva Que Cura Gay Não Existe

Cura gay não existe, sou a prova viva disso.

É por isso que durante toda minha vida segui ajudando sem patrocínio ou ajuda de ninguém vários homossexuais de todas as categorias lgbt.

Como já disse anteriormente em outro post, desde meus 13 anos vivi minha adolescência entre a casa dos meus pais, nas ruas, na antiga FEBEM (porque naquela época, quem estava nas ruas era recolhido pelo juizado de menor ou pela polícia militar e encaminhado para a FEBEM), casas de amigos e uma clínica psiquiátrica, pois segundo meus pais este foi o ultimo recurso que eles encontraram para que eu me “curasse” da minha homossexualidade nos anos 70.

Sofri muito nas ruas, dormia muitas vezes nas calçadas das ruas da Praça da Sé e em outros lugares, revirei muito lixo para encontrar alimento... Tudo isso graças ao preconceito.

Bem, muita gente poderá dizer “Isto não é motivo para dizer que você desenvolve um trabalho social para a população lgbt!”, mas esses são apenas os fatos que até hoje me impulsionam e me incentivam a cada dia para ajudar a população lgbt.

Sei que hoje tem muitos heteros afirmando que são bissexuais ou mesmo gays, para tirar proveito político ou partidário, mas acho que a nossa população lgbt precisa pesquisar sobre as pessoas que brotam do chão dizem ajudar e apoiar os lgbts. Mais que levantar a bandeira é preciso ter foco, consciência da importância e trabalhar por isso.

Para quem não conhece meu trabalho seguem abaixo alguns exemplos:

  • ·         Ministro palestra sobre homossexualidade e sobre o consumo de drogas que não raras às vezes são utilizadas como meio de fuga das crises familiares causadas pela rejeição da família, assim como pelos conflitos que os adolescentes passam ao descobrir sua sexualidade.
  • ·      Desenvolvo um trabalho de ajuda e orientação junto com a associação de deficientes auditivos, pois existem muitos lgbts com este tipo de deficiência que são esquecidos não só pela sociedade em geral como também desamparados pelo próprio meio, alguns deles portadores de HIV sem nenhum tipo de assistência e já com seqüelas da doença.
  • ·        Aos deficientes físicos que necessitam de prótese e cadeiras de rodas, desenvolvo um trabalho pedindo ajuda em órgãos de doações.
  • ·         Casos de homofobia, conto com ajuda de alguns amigos advogados que defendem nossa população lgbt.
  • ·         Luto contra a discriminação no atendimento médico.


Um dos casos que me emociona citar é o caso da minha amiga Jandira, que foi usuária de maconha e cocaína e que há 20 anos atrás pediu minha ajuda para largar as drogas. Sua mãe já havia falecido após um câncer e na época Jandira só tinha 18 anos e a única familiar que consegui apoio para ajudá-la foi uma tia, a qual procurei e fui conversar com ela para que ela aceitasse a homossexualidade da sobrinha e não a deixasse na rua a mercê de tantos desatinos. Depois de longas conversas, ela entendeu a situação e passou a ajudar e apoiar a sobrinha.

Jandira passava parte do dia comigo me acompanhando nos trabalhos que eu fazia na época e outra parte passava na companhia da tia. Foi uma luta árdua contra as drogas, contra um possível ingresso na vida da marginalidade, mas graças a Deus com muito empenho vencemos.A tia de Jandira e eu nos tornamos amigas.
Atualmente, livre das drogas Jandira tem sua própria casa, esposa e empresa. Tenho muito orgulho dela!

Posso também citar a Carla, uma trans, que se encontrava internada em um hospital público de São Paulo sem conseguir o tratamento cirúrgico de que necessitava, pois por várias vezes ficava em jejum por 12/16 horas aguardando uma sala cirúrgica e cada vez que entrava na sala o médico suspendia a cirurgia alegando que a cirurgia dela seria realizada outro dia. O odor do quarto que ela se encontrava era fétido e a infecção que ela havia desenvolvido em seu membro inferior avançava.
Amigos em desespero me procuraram. Entrei em contato com a direção do hospital para saber motivo pelo qual a trans era enviada várias vezes ao centro cirúrgico e retornava sem o tratamento.
Após 3 dias de discussão, obtivemos vitória e Carla foi operada.

Existem muitos outros casos e fatos, com vitórias e outros, é claro com derrota, mas a descrição de todos tornaria a leitura cansativa, mas posso com orgulho provar todos os fatos.

Hoje sou Candidata Lésbica ao Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT de São Paulo.

Entenda Melhor o Que é o Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT de SP
Minha luta é essa. Sozinha, sem patrocínio e muitas vezes com muitas ameaças.
Essa sou eu e se precisarem de ajuda sabem como me encontrar.

Cecilia Bezerra

Cecilia Bezerra no Facebook

 Foram utilizados nomes fictícios para preservar a identidade das pessoas envolvidas.        

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