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sábado, 20 de abril de 2013

O Preconceito


Uma das coisas que me recordo em minha adolescência, é que ao fazer 15 anos me apaixonei perdidamente por uma menina, sabe esses amores de adolescência onde tudo é para morrer!? rsrsrsrs Foi desses! Na época, desde os meus 13 anos entrava e saia de casa, morava mais na rua como diz a música "Já morei em tanta casa que nem me lembro mais..." Então, estava na rua namorando... e por parecer um bofinho, muito bonitinho por sinal, todos pensavam que era um garoto. 

Naquele tempo de ditadura militar, você não ficava livre para andar na rua na hora que desse na telha, tinha horário. Numa das noites, lá pelas 8 da noite, em uma das vezes que fui pega pela polícia, uma viatura parou do nosso lado e na hora da revista ao ver que eu era gay fizeram eu tirar a roupa e me bateram. Só não fizeram pior porque a menina comentou que um parente dela era militar.

Bem, levaram ela para a casa dos pais e eu... bom, o policial disse que eu tinha 1 segundo para colocar a roupa e dar sebo nas canelas, corri como louca aquele dia... Cheguei em casa e só contei para a minha mãe que a policia havia me batido, ela preocupada disse para eu não contar nada aos meus irmãos e nem ao meu pai que era violento, depois me envergonhei do que eu era por uns dias...Mas logo ergui minha cabeça.

E em 1987 venci de uma vez as drogas, após sofrer uma das overdoses.

Em 1997 fui referência no PROERD onde dei palestras sobre como venci o vício. Vejam que ironia, a mesma policia que me humilhou me aplaudiu... e eu chorei, mas de ORGULHO de mim mesma, pois mesmo em minha palestra, falei sobre minha condição/ opção sexual. Senti alguns olhares repulsivos de algumas pessoas, mas os vi me aplaudindo.

Ainda hoje, sofro com muitos preconceitos, especialmente no trabalho, pois embora seja eficiente e receba elogios de todos os lados e digo sem modéstia nenhuma porque sei da minha capacidade, mesmo que o empregador dependa declaradamente do meu serviço, permaneço no emprego por alguns meses, depois colocam uma pessoa sem experiência alguma em meu lugar, me transferem para outro local e ainda solicitam meu trabalho. 

Não bastasse o preconceito, ainda tenho que preencher o conteúdo de um livro vazio, mas de capa bonitinha.

NUNCA TENHA VERGONHA DE CONTAR A SUA HISTÓRIA, MESMO QUE OS IDIOTAS NÃO COMPREENDAM.

SE ORGULHE DO QUE VOCÊ É.

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